"Aparece-me uma das minhas
velhotas favoritas. Bem disposta e sempre chorona. A filha dela é aquela a quem
aplico uma injeção semanalmente. A filha dela é aquela que foi atirada de um
carro em andamento pelo marido. É aquela que tem problemas do foro imunológico.
Artrite reumatóide. Psoríase. É aquela que vi demorar mais de 30 minutos desde o
gabinete onde lhe aplico a injeção até à porta, amparada pela mãe e cheia de
dores, de não conseguir apoiar os pés no chão. É aquela que tem os nós dos dedos
todos tortos, a barriga picada e o corpo inchado da cortisona. É aquela que usa
unhas de gel sempre na cor da moda, usa roupa e acessórios fashion e que
se maquilha diariamente como uma lady. Perguntei por ela. Que não
lhe administrei a injeção na semana passada.
- Já não faz. Agora só
cortisona.
- Então?
- Estamos à espera de uns
resultados de uns exames. Tem aquele vírus do útero. Se calhar é cancro. Veja
lá, ela que foi operada há dois anos para tirar um quisto. Sabe (olhos cheios de lágrimas), tudo lhe
acontece. Tudo. Ela não vai viver até à minha idade. Não vai. E estou sempre a
dizer-lhe Vive, vive agora o melhor que podes."
Fiquei sem palavras. O melhor é realmente vivermos agora o melhor que podemos. Nunca sabemos o que nos pode acontecer. E agradecer. Agradecer por que ainda podemos. Daqui.
«vive agora o melhor que podes.» e que frase tao acertada
ResponderEliminarSonia
Taras e Manias